sexta-feira, 10 de maio de 2013

Inovando o antigo.


Meia xícara de café, um cigarro barato. Pela primeira vez eu não senti nojo. Queria sentir o gosto amargo, o cheiro desAGRADÁVEL. Talvez me lembrasse a avareza de seus olhos, ou a textura deliciosamente áspera de sua barba escura e deveras sensual . Talvez ainda, me lembrasse a força de seus braços e o torpor do beijo que ousei roubar. Um beijo apertado e um abraço doce. Só desejei em seguida o silêncio. Aquele mesmo das madrugadas em claro... Quem sabe um rock ou mpb ao fundo, de leve, como um sopro sórdido mas eloquente, iluminados por uma luz mortiça e frágil, sabe? Mãos sobre a almofada, pés no sofá. Idéias na cabeça. Delírios profundos. Labirintos malucos. Lábios soltos e quentes. Sobriedade. Insanidade. Mão na nuca, nas costas.... Não tenho a intenção de fazer entender, nem eu entendo. Mas eu queria tanto que... Aquela inquietude, vontade de sair correndo sem sair do lugar. Isso é por causa de você, que nunca veio aqui, que nunca sequer quis passear dentro de mim, mas já esteve dentro de mim, e que chegou sem avisar, fez essa bagunça, me deixando enrolada, entediada, excitada e insiste em permanecer, mesmo não querendo. Eu não sei o que eu que eu quero, só sei que quero. Pare de me olhar assim, com esses olhos profanos e tão meigos como quem me consome. Se continuar com esse riso impertinente, não te digo onde vai parar, mas talvez você queira pagar para ver...
A pia cheia, geladeira vazia. TV ligada, som no mudo, celular perdido. Letras. Frases. Poemas. Olhares. Nenhuma lágrima. Nenhuma culpa. Filmes mórbidos. Fotos gastas. Móveis antigos. Queria dançar. Hoje. Agora. Amanha talvez. Com você. Unhas curtas, esmaltadas de vermelho carmim. Pés descalços. Coque na cabeça, calcinha de algodão, camisetão...a varanda e as ruas sombrias que observo atentamente da ultima janela do bloco são minhas confidentes. Desabafo para o vento, aquele dia tão insosso. Mas hoje a lua não veio me inebriar. Não tem estrelas. So tem eu, e tem você, aí, mas aqui. Olhos vidrados, coração na boca, cafuné da meia noite... Cochilos deliciosos.
Sem chances, eu precisava partir, mesmo querendo ficar. Nessa hora, sem perceber eu gritei, pedi pra você para ficar, mas foi um grito mudo, interno, eu não pude controlar. Uma lágrima de tanta teimosia me venceu pelo cansaço e ousou percorrer minha face assim que recostei-me na cama. Ali.  Tão só. Tão acompanhada. Eu não quero me explicar pra você. Contar porque ainda te estendo a mão sem você querer pegá-la. Não quero te falar sobre minha inconstância em não desistir de te querer baixinho...Quando decidi enfim me decidir, dei um passo pra frente mas dois para trás. Acabei disfarçando, como sempre, como se teu sorriso, para mim, fosse apenas um riso qualquer.Não vou te contar que acredito nesses encontros de pessoas que já se perderam em algum lugar e que em certo ponto aparecem pra buscar os seus perdidos. Se me perguntar de onde vem tanta vontade de voltar vai perceber que nem eu sei, mas sei que é forte. E o meu medo continua sendo sempre o mesmode sentir saudade de você e algum dia conseguir entender porquê...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sei, já não sei...

Segunda - feira fria. Altas horas. Chuva forte. Barulho incessante! Os dedos começam a roçar uns nos outros. Na cabeça mil ideias. Matutando, matutando... Irritação. Os punhos chegam a arder a ponto de não ser possivel conter a lágrima que escorre pelo meu rosto, que de tão quente, não a deixa chegar até o queixo, foi-se, evaporou como os pensamentos deveriam tambem ir... Não tenho nada para pensar, mas não ouse fitar meus olhos porque vai se perder em tanta prolixidade. Não tenho nada para dizer, mas não tente descolar meus lábios pois vai temer tamanha promiscuidade. Não tente me entender, ou tente, e desaponte-se por conta própria. Não gosta de mim? Fala! Pode falar! Mas fala na cara e esteja pronto para as consequências. Esteja ciente de que você vai engolir cada sílaba repugnante que você ousou cuspir em minha face. Seja forte o suficiente para assumir que você estava errado e que minha capacidade te surpreendeu, e por fim, ainda diga: "...é, bem que você me avisou".

É confuso, eu sei. Não eu não sei. Idéiais desorientadas me fazem perder o prumo, o rumo... Não sei onde ir, nem com quem, mas tem uma coisa aqui dentro que bate a todo momento e me guia, ainda que para dimensoes desconhecidas... mas que no final, me dou conta de que era para o lugar certo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Quem bate a sua porta?

  
   A noite chegou fria ontem, fazia uns 8º. Deitada, inquieta sob o cobertor. A cabeça a mil. Idéias e ideais. Sonhos acesos e gritos mudos. Estava sozinha e não só. Eu comigo mesma. Tinha a companhia dos meus pensamentos. O zunido do vento me deixava aflita, a luz a todo momento pulsava. Foi confuso pra mim também... Uma velha senhora bateu a minha porta, tarde da noite. Insistia que eu abrisse. Vê-la trazendo aquelas flores de sangue nas mãos calejadas não foi fácil. A cada passo dela, um pulsar mais forte em meu coração. Imperdoável. Indescritivel. Inigualavel. Sua garganta parecia pular, tinha sede, e implorava por ajuda, sem nada dizer. Perguntei se desejava um copo d'agua, chacoalhou tanto a cabeça em sinal afirmativo que se abaixou em meus pés, zonza. Tomou a agua como se estivesse comendo um sanduíche farto. Chorava tanto que se engasgava no proprio soluço. Tinha sede. Ainda com sede. Agua não saciava. Tinha fome. Sentia dor. As rosas, ainda vivas, traziam em cada pétala um gesto de amor, de sofrimento, de perdão. Notei seus labios roxos, cobertos de rachaduras. Tinha cabelos brancos mais que a neve, vestes delicadas, ainda que sujas. Busquei um cobertor quente e um prato de comida. Agasalhei a pobre senhora e a tomei em meus braços dizendo que ia ficar tudo bem. Ela nada dizia, só me olhava como se me devorasse com os olhos, olhos de esmeralda, brilhavam ao longe... Tive pena daquela pobre senhora, não podia recusar ajuda, ela precisava de mim. Deixei o medo de lado, a ignorancia e fui, de corpo, alma e coração. Minutos depois, já certa que a senhora nao me faria mal algum, perguntei seu nome e convidei-a para entrar, ela sorriu, como se toda sua dor tivesse ido embora, tomou-me pelos braços, entregou-me uma rosa e disse: " Agora está tudo bem, eu vou morar com você."
... Ao dizer essas palavras, seu corpo se desfez junto a neblina, restando apenas uma rosa e uma lagrima em meus olhos. Esse foi um dia muito importante. Um dia em que eu decidi deixar o orgulho de lado e ser solidária, aprendendo muitas lições. Obrigada, por bater a minha porta, senhora Felicidade.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Devora-me com teus olhos e com a impertinencia de teu sorriso

Me sentindo completa ainda que sozinha. Bom sinal. Eu me faço bem quando não tem mais ninguém... Peço perdão se com a rispidez de minhas palavras te feri, mas a tua ironia burra merecia uma resposta à altura... Café. Pela primeira vez eu quis sentir o gosto, gozo amargo do café. Talvez me lembrasse a avareza de seus olhos, ou a textura áspera de sua barba escura e deveras sensual . Talvez ainda, me lembrasse a força de seus braços e o torpor do beijo que nunca ousei pedir, nem roubar. Só desejei então, o silêncio. Quem sabe um Renato Russo ou Chico Buarque ao fundo, de leve, como um sopro sórdido mas eloquente, entende? Mãos sobre o teclado. Idéias na cabeça. Delírios profundos. Labirintos. Labios soltos e quentes. Sobriedade. Ou não. Mão na nuca, nas costas.... Não tenho a intenção de fazer entender, nem eu entendo. Mas eu queria tanto que... Aquela inquietude, vontade de sair correndo, mesmo que rolando rampa abaixo, não importa, nada importaria se vc estivesse logo alí. Isso não é pra você! É pra vc, que nunca veio aqui, que nunca sequer quis passear dentro de mim, e que agora, do nada, chega e faz essa bagunça, me deixando enrolada, entediada, excitada. Agora eu sei o que eu quero. Pare de me olhar assim, como quem me consome. Você não sabe em que está se metendo. É com uma menina-mulher que você está lidando, mas claro que você não vai saber de tudo sobre mim. Na verdade, você não sabe nada. Mas eu sei. Decida-se. Ou pare de me seduzir com esses olhos devastadores e de me encantar com esse sorriso mais que impertinente, ou assuma a culpa e se entregue. Se isso continuar, não te digo onde vai parar, mas talvez você queira pagar para ver...


domingo, 1 de maio de 2011

O dia em que a lua me abraçou

E dá pra descrever a magnitude da doçura que as estrelas e a lua me ofereceram nesse anoitecer? Impagável, inexplicável... Um brilho tão nítido, tão limpo que me cegaram por instantes. Minh'alma vagou por alguns minutos fora do corpo, e parecia nem queria voltar. Uma sensação inenarrável, abusivamente sedutora. Cheguei a fitar profudamente a lua e sussurrar : "Como ousas tirar-me de mim assim?" . Ela, humildemente recolhida em sua sabedoria e demasiada deslumbrancia, pareceu envolver-me em um abraço vivo e caloroso e no silêncio dessa noite apenas afagou-me com teu esplendor...

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Deixa assim, quietinho...

Sexta-feira. Dia nublado, gelado. Com muito custo me levantei pela manha. Calça jeans escura, sutiã vermelho, blusa semi-transparente preta, gola e mangas, meias de ursinho azul e tênis surrado... Um elogio me fez sorrir. Alguém se dirige a mim e solta uma daquelas frases terríveis: "Huum. Tá tão bonita, quem é o felizardo?". De boba me fiz : " (risos) Felizardo? como assim?". Resposta que eu não queria ouvir: "Ahhh, vc sabe, só pode estar apaixonada. Todo mundo que se apaixona fica mais bonito." Eu apenas sorri e desviei o olhar, junto com meus pensamentos e emoções e sorrisos e respostas e tudo ficou confuso e eu só respirei fundo e pensei num jeito de escapar mas nem bolso eu tinha, nem bolsa, nem café, nem nada...
Não estou apaixonada, não penso em ninguem assim, demais, nem de menos, mas não. Estou? penso? "Nada a ver, nada a perder, nada a fazer, nada não..."
De dia quando não o vejo, talvez nem lembro, nem sinto nada, mas de noite, quando me deito, eu sinto tudo que deveria não sentir. Ontem, quando você partiu, foi diferente. Senti um vazio no peito, uma saudade estranha. Nessa hora, sem percber eu gritei, pedi pra vc ficar, mas foi um grito mudo, interno, eu não pude controlar. Uma lágrima de tanta teimosia me venceu pelo cansaço e ousou percorrer minha face. Eu só tive forças para sussurrar baixinho: "How I wish, how I wish you were here"...Mas você não olhou para tras, não disse " Venha, ainda há tempo!". Eu não quero me explicar pra você. Contar porque ainda te estendo a mão sem você querer pegá-la. Não quero te falar sobre minha inconstancia em não desistir de te querer baixinho...Quando decidi enfim me decidir, dei um passo pra frente mas dois para tras. Acabei disfarçando, como sempre, como se teu sorriso, para mim, fosse apenas um riso qualquer.Não vou te contar que acredito nesses encontros de pessoas que já se perderam em algum lugar e que em certo ponto aparecem pra buscar os seus perdidos.Se me perguntar de onde vem tanta vontade de voltar vai perceber que nem eu sei, mas sei que é forte. 

Ás vezes, me dá vontade de fugir, pra bem longe daqui, mas logo vejo que de nada adiantaria, porque o que me incomoda, ainda estaria cmg...Como fui deixar você se afastar de mim? Sei que estou te perdendo em cada amanhecer...  "Eu não vou dizer mentiras pra te conquistar e eu não vou dizer bobagens pra te impressionar", eu só queria te contar, deixar esse medo pra tras, derrubar as barreiras morais. De certa forma, eu já disse, com um abraço, um sorriso, um beijo desviado, uma brincadeira... Eu sempre te mostro, todos aqueles velhos sinais, que são incompreendidos ou simplesmente ignorados. Eu só queria um sinal teu, um simples sinal. Queria poder te dizer o quanto você foi e é especial. O quanto teu papo me deixa eufórica, o quanto teu sorriso me satisfaz. O quanto o teu beijo é apertado e teu abraço doce. O quanto eu fico confusa e troco as palavras ou elas me faltam ao te ver... Eu só quero que você entenda isso. Que você é uma pessoa muito linda, complicada, mas linda. Tem um coração enorme que conquistou o meu. E que entenda também, que se quiser me ter por perto basta demonstrar, e se não quiser, diga apenas "me esqueça" que eu te atenderei, se for o melhor para você...Enquanto isso não acontece, continuo tendo apenas a companhia da lua, aquela mesma lua que conhece o que ja passamos, que ao mesmo tempo que nos une nos separa,aquela que ouve atentamente, todas as noites, meus segredos sobre você. Continuo ajoelhando a cada madrugada e pedindo pra Deus, por favor, não te levar pra longe de mim. Fingindo que não me importo com sua ausencia, e que estou feliz de ser apenas mais uma amiga...


"Enquanto não tenho coragem para lhe dizer tudo que eu quero, tudo o que eu sinto, vou colocando meus pensamentos aqui, esperando que algum dia você entre, leia e tenha a certeza de que mais da metade das coisas que eu escrevo são para você! "

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Diferente viagem igual

Enfim chegara sexta-feira. Ia para casa. Cheguei naquela cidadezinha apática por volta das 15 horas. Viagem exaustiva dentro de um ônibus fechado. Nenhumazinha janela sequer dentro daquela caixa móvel repugnante. Ar. Ar condicionado. Frio glacial. Mau cheiro medonho de cigarro barato. Sentei-me numa poltrona, sozinha, não queria conversa, não queria companhia. Bastava a minha e meu mau humor covarde daquele momento. Num certo ponto do trajeto, numa modesta porteira, um velhinho. Entra no ônibus sorridente. Segura na mão esquerda uma sacolinha de plástico suja e na direita suas dores. Tinha poucos dentes, mas cada um que restara parecia contar um pouco de sua vida simples. Não pude deixar de notá-lo, algo nele me inebriou. Tinha uma aura tão boa, tão graciosa. Aproximou-se da poltrona que estava ao meu lado, com um andar desengonçado : - " Dá uma beradinha prêu ?" Velhinho simpaticíssimo. Não podia dizer não. Sentou-se com alguma dificuldade. - " Tarrrde moça " - e aquele sorriso novamente. Contava histórias e estórias incessantemente. Ele tinha cheiro de mato, e era tão bom. Em uma parada mais a frente, uma mulher embarca. Também não pude deixar de notá-la. Vulgar. Estúpida. Fétida. Já entrou falando alto e querendo 'botar moral'. Sentou-se na poltrona ao lado e ficava me fitando de soslaio. Brigou com o motorista porque ele não parou no açougue pra ela comprar o 'kidicarne' dela. Não acreditei nisso! Cada palavra que saía de sua boca soava como algo pútrido e insolente. Mas, pessoas assim não merecem nem ser citadas... voltemos a viagem. Cheguei enfim no meu destino final - a cidadezinha apática -. Com tristeza despedi-me do senhor que fez da minha viagem, antes tão exaustiva e angustiante, mais divertida e proveitosa. Desci. O frio já nem me incomodava mais, esqueci, porque estava quente meu coração. Um carro me esperava. Minha mãezinha. Fomos para casa e no trajeto cochilei. Estava cansada. Chegando, joguei minhas malas sobre o puff do quarto, tranquei a porta. Sapato pra um lado, brincos pro outro. Tudo pelos ares. Estava em casa. Meu ex futuro quarto. Futuro ex quarto. Arranquei a colcha cor-de-rose da cama como uma criança arranca o papel de presente no aniversáio. Caminhei rapidamente até a janela. Fechei cada persiana de modo a não deixar nenhuma frestinha de luz. Escuro. Despi-me sem delicadeza alguma. Apalpei meu travesseiro de ervas calmantes como um gato antes de se deitar. Senti o cheiro de amaciante nos lençóis limpos e macios. Deitei. Me cobri. De sonhos. De lembranças. De afetos. Abracei forte meu ursinho, eu estava pronta. Quando acordasse, saberia exatamente o que fazer...